Em 2460 A.C., Hsi Ling-Shi, esposa do imperador chinês Hoang-Ti, tomava chá sob a sombra de uma amoreira, quando um casulo se desprendeu e caiu em seu chá. Estava descoberta a seda e, por 30 séculos, os passos para sua produção permaneceram em segredo. Ao longo da história, a misteriosa seda chinesa foi o fio condutor para o comércio, a imigração e a difusão de religiões. A rota da seda aproximava oriente e ocidente e foi o caminho por onde seguiram muitas das transformações culturais e geográficas.
Durante o Império Bizantino, uma expedição secreta à China trouxe os segredos da seda, dando início à sericultura no ocidente. A produção da seda se expandiu pela Europa e se tornou matéria prima indispensável, até hoje, para as indústrias têxteis e da moda italiana e francesa. A sericultura chegou ao Brasil com os imigrantes europeus e sua produção, hoje, é destinada à indústria têxtil nacional e, principalmente, exportada. Em 1904, nasce em Petrópolis, Rio de Janeiro, a Werner Tecidos, a maior fábrica especializada em tecidos de seda das Américas.
A borboleta fêmea do Bombix Mori põe em torno de 500 ovos. As lagartas se alimentam exclusivamente de folhas de amoreira. Por isso, sua seda também é conhecida como Mulberry Silk. Após o período de crescimento, a lagarta começa a fiar o casulo. Cada casulo pode fornecer de 400 a 1800 metros de fios de seda. O fio é tão fino que, para obter 1 grama, são necessários de 3500 a 4500 metros. No tacho de fiação, o casulo é escovado, para encontrar sua ponta, e desenrolado. O fio de seda é o único fio contínuo natural existente.
Os fios de vários casulos, neste ponto chamados de seda grégia, são unidos em meadas. Na tecelagem, as meadas são desenroladas em bobinas. Dependendo da utilização, podem ser binados ou torcidos para aumentar sua resistência e obter efeitos especiais. A base do tecido é preparada na urdideira. Ela acomoda milhares de fios paralelos, sob uma mesma tensão, em um rolo de urdume. Na tecelagem, os fios de urdume e trama são entrelaçados, dando forma ao tecido. Depois de pronto, o tecido recebe o acabamento, podendo ser, entre várias técnicas, degomado, tinto ou estampado.
Os tecidos de seda, ou que contêm seda, possuem características especiais. Preciosos desde sempre, são associados ao luxo e sofisticação, já que, até hoje, sua produção é trabalhosa e limitada. Fios de seda são extremamente finos e, por isso, os tecidos possuem leveza ímpar. Tecidos de seda geralmente são suaves e macios ao toque, têm brilho único e delicado e suas cores são sempre surpreendentes. A seda pode absorver até 30% de seu peso de água, dando conforto e proteção contra a umidade e a transpiração. Apesar da seda ser um fio resistente, tecidos de seda são delicados e merecem ser tratados com cuidado.
Ilustrações de Karin Feller